"Há quem diga que as palavras tem poder! Sim, elas tem poder... Tanto de destruir quanto edificar. Tanto de machucar quanto curar. As palavras tem o poder de questionar, intrigar, solucionar e mudar. As palavras podem ser armas, por isso em alguns momentos é preferível o silêncio. Palavras podem lapidar os nossos pensamentos, nossas emoções. Palavras trocadas... Palavras que edificam... Palavras verdadeiras... As palavras tem poder! E de palavras são escritas as grandes histórias."
EU SOU
- Rosicleide David
- São José dos Campos, SP, Brazil
- “A vida é a descoberta de quem somos."
...Nos meus intervalos, eu passo por aqui...
Revelo a colheita do que plantei durante o dia,
Faço uma breve análise do que está em mim ou do que se passa ao meu redor,
Ou simplesmente deixo fragmentos de sonhos...
ATENÇÃO:
Os textos de minha autoria são protegidos pela lei n° 9.610 de 19-02-1998, “lei dos direitos autorais”.
Rosi também está por aqui...
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domingo, 30 de agosto de 2009
amor da minha vida
sexta-feira, 28 de agosto de 2009
ninguém pode tirar de ti o que há em teu ser!
Palavra suave
Desprendida das definições.
Apenas um sorriso para revelar uma alma liberta
Querer... querer
E não querer...
Escolher entre o sim e o não
Com base nos parâmetros do teu ser.
Escolher a direção...
Se haverá rimas ou não...
E toda a construção.
...
Viver!
…
Te ferir
Te furtar
Mas, ninguém pode tirar de ti o que há em teu ser.
VIAGEM I
Eu não sou daqui
Estou apenas de passagem
Pois, é o caminho que devo percorrer para a viagem
E o ponto de partida inicia- se no fim.
Não posso deixar de percorrer este caminho sem olhar por onde eu ando
Sem apreciar as flores que eu vejo
Sem ter cuidado com as pedras na estrada
Sem sentir frio
Sem sentir calor.
Mas, não quero estar
Quero caminhar
E chegar ao meu lugar.
Caminhar sem pressa
Mas, sem parar
E colher pelo caminho tudo o que devo levar
E deixar tudo o que deve ficar.
Cada passo alarga- me a alma
O corpo é a condução
Que me conduzirá à partida
E a bagagem é o que engrandeceu a alma.
Partida para um novo início
Onde a alma eterniza
Onde já não é mais o corpo a sua condução
Mas, os seus sentidos... o amor.
A alma fica tão bela
Torna- se imensa
Que já não cabe mais ao seu corpo comportá- la ou conduzi- la.
Sim, é o fim da viagem!
quinta-feira, 27 de agosto de 2009
As mágoas passam
As mágoas passam
E só o que as pessoas são
É o que fica.
E que o orgulho era desnecessário
Que as verdades que foram ditas
Não eram tão sinceras.
Escudos para nos proteger
E proteger do que?
Os motivos das brigas e esquece que tem mágoa
O que fica é o carinho e a doce lembrança dos momentos de paz.
quarta-feira, 26 de agosto de 2009
Canção para você
Eu vou compor uma canção para você
Eu vou cantar esse sorriso que me traz o sol
Vou fazer melodia de cada palavra tua
Vou tirar as notas suaves do violão.
Eu vou cantar ao pé do teu ouvido
Vou cantar no chuveiro
Vou cantar sozinha na rua
Para quando não estiver por perto
Eu não me sentir sozinha.
Na letra deverá haver rosas
A sua risada gostosa
E o seu jeito de andar.
Eu vou compor uma canção que fale do meu amor
E o seu ritmo vai ser as batidas do meu coração
Eu vou compor
E vou cantar
O amor por você.
segunda-feira, 24 de agosto de 2009
amor que esparrama
Eu já gostei de outras pessoas
Mas o sentimento cabia aqui dentro
O que eu sinto agora
Esparrama o volume da alma.
Amor que aponta os primeiros gestos
Que ainda há de se tornar forte
Com os nossos cuidados
Ainda há de dar bons frutos.
É ser livre e querer estar
É eternizar por apenas este dia
Porque amor não deve ser guardado.
Não importa se ainda que seja início
É início porque amor é também princípio
Amor é para ser partilhado.
sábado, 22 de agosto de 2009
meu romantismo
E estas que escrevo por vezes pode confundir à quem lê
Minhas poesias querem e não querem um amor
E sobre elas o romantismo apenas deixa alguns acentos ou se faz ausente.
Porque as minhas poesias são semelhantes a mim
São leais
Se as poesias estão para todos os que as leem
O meu romantismo está apenas para o meu amor.
sexta-feira, 21 de agosto de 2009
de quem é a razão?
Razão
De quem é a razão?
Como ponderar o lado de quem devo ficar
Se olho para um lado e vejo palavras justas em seu olhar
E olhando para o outro, vejo palavras generosas no outro olhar?
Prefiro crer que os dois lados estejam certos
Apenas em suas particularidades e opiniões distintas.
Pendo para o seu lado, não conhecendo o outro
Ouvindo as tuas versões e desconhecendo as outras
Desejando realmente que a razão esteja para você
Mesmo que também esteja para o outro.
eu sou minha
De mim mesma
não escrevi
Apenas vivi.
Sim, ocupei- me da vida
E não sobrou- me tempo para os versos.
Tomei sol
Tomei chuva
Passei calor
Passei frio...
Dei boas gargalhadas
E até tive vontade de chorar
Me estressei.
Vivi!
vivi!
vivi!
E os versos não me vieram
Simplesmente vivi!
E de contente ocupei o tempo
Sem deixá- lo para os versos.
sexta-feira, 14 de agosto de 2009
um amor que não senti
Assim como faço todos os dias
Só que desta vez foi diferente
Li nas tuas palavras a história de um outro amor.
E a cada poesia eu te encontrava
Mais inteiro do que é quando te vejo.
Olhando as minhas histórias eu percebo
Nunca ter amado e por isso, nunca ter sofrido por um amor.
Mas, hoje quando pude reviver a sua história através das palavras por ti escritas
Eu chorei
Chorei ao ponto de soluçar
E pela primeira vez sofri por um amor
Chorei por um amor
Um amor que não foi meu
Um amor que não senti
Um amor que foi teu.
Eu me entristeci por algo tão belo ter se esvaecido
E me entristeci ainda mais
Por ainda não ter tamanha estrutura para cobrir- lhe de tão grande amor.
Meu coração é desajeitado, e tantas vezes, arredio
Mas, não tenho dúvidas de que é um bom coração
E por isso pôs- se em teu lugar
Sem nenhum julgamento
Sem nenhum ciúme
E esteve à sentir- se como se outrora vivesse os seus sentimentos
E de tanto respeito por tão linda história
Enterneceu- se de indescritível carinho
E quis somente cuidar de tão linda alma
E quis somente abraçar- te e dizer estou contigo.
quinta-feira, 13 de agosto de 2009
atire a primeira pedra
Sim, atire a primeira pedra
Quem nunca mentiu
Quem nunca fingiu.
Viver bem em sociedade
É saber também mentir,
Essas pequenas mentiras
Das quais usamos para justificar nossos nãos
Como se todo não precisasse realmente de explicação.
Viver bem em sociedade
É saber fingir o sorriso
Mesmo quando ainda não tivemos tempo
De se quer assimilar a imagem do rosto para quem sorrimos.
É dar três beijinhos
Sem encostar na face
Só por educação
E eu digo mais
Pouco me importa esses três beijinhos!
Beijo é demonstração de carinho, não de educação.
As pessoas não dizem não
Apenas dizem com todo falso carinho, com mentirinhas coloridas
Que vai ficar pra depois
Esse depois que já está determinado nunca existir.
Conversas vazias
Somos capazes de olhar nos olhos de quem nos fala
E ao mesmo tempo não ouvir uma sequer palavra.
Os abraços são distantes
Pois, não trazem em seus braços o carinho que os torna apertados.
Que atire a primeira pedra!
Eu não posso atirar.
Ainda bem que isso tudo é verniz
Simplesmente verniz
E que há momentos em nosso dia
Em que podemos dizer não sem culpa alguma
Em que podemos dizer sim com vontade, sem obrigação
E sorrir um sorriso sincero
Que bom que há momentos no dia em que nossos beijos tocam a face do outro
Ao ponto de precisar enxugar as bochechas
E quanto carinho, e quanta verdade neste beijo molhado!
Que bom os momentos do dia em que o abraço realmente aproxima
E que mesmo que nos falte palavras
O olhar nos olhos, de verdadeiro, fala por nós.
Tem momentos em que viver em sociedade é nos cobrir desse verniz
Para que não seja atirada a primeira pedra
Mas, é nos momentos em que nos lavamos
Em que agimos de forma simples, apenas sincera, sendo o que somos
Sendo o que queremos
Que as demonstrações de carinho surgem
Em que as conquistas do amor acontecem
É o momento em que não há pedras em nossas mãos, nos impedido
Sim, é o momento em que as mãos podem se unir.
Eu não quero atirar a primeira pedra
Quero ser a primeira à soltá- la no chão.
quarta-feira, 12 de agosto de 2009
inconstância
Essa inconstância constante...
Que me leva a todos os dias
Mesmo em meio ao comum
Não cair numa chata rotina.
Quem disse que todos os dias são iguais?
Mentira!
Os dias não são iguais
Os dias são únicos.
E todos os dias renasço
E saúdo a vida!
E digo bom dia ao dia
Bom dia ao Deus!
Saúdo a vida de formas diversas
E digo bom dia com frases diversas
Ou apenas com um sorriso
Um sorriso de quem ama a vida.
Eu tomo forma, tomo uma boa dose de vida
Todos os dias
Entre minhas inconstâncias
Constantemente vou vivendo o meu único dia.
Rosicleide David 12/ agosto/ 2009
terça-feira, 11 de agosto de 2009
namorado
Sinto que leio- te
Sinto exposta a tua alma
E por isso, os teus versos me fascinam.
Alguns familiares
Outros intrigantes
Mas, todos que me levam a te descobrir.
Pensamentos de quem tem a alma vasta
E vive cada canto dela.
É percorrer os olhos sobre a tua alma
E encontrar nela uma viva e prazerosa leitura.
segunda-feira, 10 de agosto de 2009
padrão felicidade
Um padrão que não entendo
Que tão pouco me atrai
Mas, que vejo estipulado por muitos ao meu redor.
Aquele em que é impossível aceitar que alguém possa ser feliz
Optando por caminhos diferentes
Tendo prioridades, e medidas, e limites adversos aos seus.
Sim, aqueles que precisam a todo momento afirmar a si mesmo que é feliz
Sim, sou feliz! Estou dentro dos padrões!
Para alguns ela é materializada
Para outros tão pouco se pode vê- la, mas de tão grande escaparia a um abraço.
Aquela que se busca
Mas, também descubro os meios de conhecer aquela felicidade
Que mora em mim.
Que estipula, que só compara, que te frustra
Inseguro e tão frágil.
Nem tão pouco os motivos que as fazem felizes
Cada pessoa em si guarda um universo
E é encantador descobri- lo.
Sem esperar encontrar ali tudo igual ao que há em ti
E se encantar com os caminhos, com as medidas, com as dimensões de que é feito este universo
Este universo que há atrás de cada olhar.
É não entender que as vontades, que os sonhos são frutos de uma liberdade
Que cada um é cada um, e tem o direito de simplesmente ser feliz.
domingo, 9 de agosto de 2009
o amor eterniza as pessoas
O dia em que o senhor partiu.
Cada lembrança me vem em detalhes
E o tempo, muitas vezes, não parece ter passado.
Tem dias em que me esqueço quanto tempo faz
Porque o tempo já não parece fazer diferença.
Eu tinha medo de esquecer o seu rosto com o passar dos dias
De esquecer os teus gestos, a tua voz.
Mas, o amor torna tudo inesquecível
Eterniza as pessoas
O meu amor eternizou o senhor.
Este mesmo amor
Que tantas vezes me faz sentir a tua presença
E me faz chorar com a sensação de só entender agora que o senhor partiu
Para não voltar.
Este amor que de tão forte
Me levou a dar um último abraço
E anteriormente ir me despedindo, sem saber que o estava fazendo.
Sim, hoje é o dia dos pais
Mais precisamente o dia do pai.
O dia em que lembro de ti
E me entristeço por não poder sentir aquele abraço
Que ninguém poderá substituir.
A dor quando forte parece doer na alma
Duvido ter alguém
Que não se desestabilize com a dor física.
Eu sinto dor e fico vulnerável
Parece que o raciocínio fica impossibilitado
Por essa sensação incontrolável.
E a coluna vertebral já não é mais a estrutura do corpo
E sim, a estrutura da alma.
A dor quando forte parece doer na alma
Por isso estou escrevendo esta poesia,
um tanto dolorida,
Para ver se passa a dor da alma.
Essa dor em se sentir frágil
Adoecida.
Algumas vezes, eu ainda tento driblar
Tento usar dos poderes da minha mente
Não dizem que a mente tem poder?
Quem sabe, o de anestesiar uma dor?
Sim, tento me concentrar
Respiro fundo
Deito
Viro para um lado
Viro para o outro.
Mas, a dor vence
E eu a engano
Quando resolvo tomar o santo remédio
Mais um comprimido
Mais um pouco de medicação...
Mais um pouco dessas drogas.
E por falar nisso,
Já estão fazendo efeito
A dor está passando
A inspiração está sumindo.
Rosicleide David 09/ agosto/ 2009
sexta-feira, 7 de agosto de 2009
escrevendo para me compreender e falando para ser compreendida
Rosicleide David 07/ agosto/ 2009
terça-feira, 4 de agosto de 2009
evidências
Da evidência de tantos fatos.
Sim, pelo caminho que trilhamos
As dúvidas nos acompanham
E evidenciam as minhas falhas, as suas inseguranças
Dúvidas que podem tornar o caminho
Cheio de pedrinhas, e mesmo parecendo inofensivas
Um passo em falso, e alguém pode se machucar.
Dúvidas que me impedem de andar
Ou dúvidas que te apertam um passo precipitado
E sem cuidados, um tropeço.
O caminho gera dúvidas
Dúvidas que evidenciam
Ou que escondem as evidências.
Dúvidas que mexem com o passado,
E até com o futuro.
Sim, estou cheia de dúvidas
Estamos cheios de dúvidas.
Mas, o que me é evidente é que não procuro o teu passado
E o meu parece não mais existir
Quando o meu presente é estar com você.
segunda-feira, 3 de agosto de 2009
versos soltos
mais um imã de geladeira
filha da mãe
E que filha!
E que mãe!
Como pode a simples risada daquela mulher
Trazer- me tanta alegria?
O sono não vem
Se eu não dou- lhe um beijo
E conto amar- lhe ao pé do ouvido antes de ir dormir.
Amor de fonte inesgotável
De medidas imensuráveis
Que mulher linda!
Como é bom simplesmente abraçar- lhe
E mesmo em meio às discussões
Nas divergências de idéias
Nunca perdemos a sintonia
Sintonia de brandura à euforia
Sintonia entre mãe e filha.
domingo, 2 de agosto de 2009
poesia barata
P. Q. P. mesmo!!!
E daí que eu tô de saco cheio
Todo mundo não fica assim um dia?
Tem gente que até fica assim todo dia.
É feio falar palavrão?
E daí?
Se não tenho palavras pra expressar
O quanto tô injuriada
Eu vou usar é desse palavrão mesmo
Só pra indagar.
Indagar esta situação
Pra saber de quem é a razão.
E nem vou corrigir os erros de português
Desses versos sem vergonha
Que é só um desabafo
E que se dane o resto.
P. Q. P.!!!!
Vou resmungar
E me irritar
Soltar o palavrão pra libertar.
E depois voltar à razão
E procurar as palavras certas
Pra me acertar.
adolescência
A adolescência é pensar estar trancada em um quarto
É se assustar com as quatro paredes que te cercam
E não perceber que basta girar a maçaneta,
Pois, a porta não está trancada.
A adolescência foi para mim estar neste quarto
E com um giz na mão
Eu rabiscava versos nas paredes
Versos tão complexos, e tão limitados ao comprimento e largura daquele concreto.
E naquelas paredes eu ia relatando as frustrações, as alegrias, as indecisões, as descobertas acerca de mim.
Até que já não havia um espaço em branco sequer
Não cabia mais uma letra minha naquele quarto.
Mas, a vontade de escrever, os versos já formados dentro de mim
Precisavam sair, precisavam deslizar aos olhos do mundo, ser entregues aos olhos de outros
A necessidade foi tanta que quando dei por mim já havia aberto a porta.
E lá eu estava
Do outro lado, no corredor da vida
E a complexidade das palavras ficou para trás
Junto com a adolescência.
Os meus versos são formados hoje com palavras simples
Esclarecidas
Sem pompas, sem clichês
São as palavras ditas no meu dia- a- dia.
Já não deixo mais nas paredes os versos
Já não os rabisco mais com giz
Ora, em que são apenas frases ditas.
Frases que não se tornaram poesias
Mas, que foram vividas de forma tão bela
Que diminuiriam- se se presas em uma folha.
A complexidade da adolescência ficou naqueles versos
Guardados na gaveta
Versos de alguém que não se conhecia.
Hoje as palavras são simples
Palavras do dia-a- dia, palavras da minha vida
De quem conhece à si, sem pompas, sem clichês.
por um dia
Não me alimentei
Não desejei levantar da cama.
O coração parecia fraco
Arrematado pela dor,
Essa mesma que todos sentem
Quando o que se quer não se tem
Dói quando a gente pedi, mas não ganha
Quando a gente tem e logo perde
E dói ainda mais quando é para acertar,
Mas apesar das tentativas,
O que consigo é errar.
Então choro, choro como uma criança
E nesse dia eu chorei.
O dia passou e com ele a dor
E meu coração mais leve
Por ter dado voz às emoções
Reagiu
Levantei
Lavei- me
Alimentei- me
E voltei a sorrir.
por Fernando Pessoa
Ou, passeando pelos caminhos ou pelos atalhos,
Escrevo versos num papel que está no meu pensamento,
Sinto um cajado nas mãos
E vejo um recorte de mim
No cimo dum outeiro,
Olhando para o meu rebanho e vendo as minhas idéias,
Ou olhando para as minhas idéias e vendo o meu rebanho,
E sorrindo vagamente como quem não compreende o que se diz
E quer fingir que compreende.
Saúdo todos os que me lerem,
Tirando- lhes o chapéu largo
Quando me vêem à minha porta
Mal a diligência levanta no cimo do outeiro.
Saúdo- os e desejo- lhes sol,
E chuva, quando a chuva é precisa,
E que as suas casas tenham
Ao pé duma janela aberta
Uma cadeira predileta
Onde se sentem, lendo os meus versos.
E ao lerem os meus versos pensem
Que sou qualquer cousa natural-
Por exemplo, a árvore antiga
À sombra da qual quando crianças
Se sentavam com um baque, cansados de brincar,
E limpavam o suor da testa quente
Com a manga do bibe riscado.
Fernando Pessoa
sábado, 1 de agosto de 2009
correnteza
Sinto estar em uma correnteza
Entrei no rio, apenas para me refrescar
Mas a correnteza é forte, e me arrasta
Para onde me arrasta?
Tento agarrar- me à algo, mas apenas vejo água
Estas águas que querem me levar
Até que sinto alguém alcançar o meu braço
Na tentativa de me trazer à terra firme.
As águas parecem ter ciúmes
E com mais força me arrastam
Me afasto, deslizando a mão que me socorre do meu braço até a minha mão.
Mas, talvez a correnteza seja o destino
E por isso, os dedos antes entrelaçados, agora vão se soltando
Para onde a correnteza vai me arrastar?
Rosicleide David 01/ agosto/ 2009
cacos
Sim, ainda à pouco eu estava inteira
Mas, as palavras pronunciadas por você
Atravessaram os meus ouvidos e atingiram o meu coração.
Eu era a casa
E cada palavra tua foi demolindo parte à parte da construção
Primeiro foram os muros
As paredes
E logo já não havia alicerce.
O que vejo agora são apenas os cacos
E não há como juntá- los
Você demoliu a casa onde morei a vida inteira
E não há nada o que fazer
Os cacos são tão pequenos,
Não há nada que possa ser aproveitado.
Olha o que você fez!
Eu chorei tanto
Quanto carinho eu tenho por aquela casa
Foi ali que passei a minha infância
Foi ali que aprendi as primeiras demonstrações de amor
Foi ali que aprendi a ser forte
E também pude ser fraca, pois não morava sozinha.
E toda a casa sendo destruída por você
Com apenas palavras.
Não vou ficar mais aqui
Olhando uma beleza que já não existe mais
E chorando por ela.
Você me tirou algo muito importante
Foi além na verdade, pois destruiu
Sendo impossível eu voltar atrás.
Vou construir outra casa
Começar do zero
Planar bem o terreno
Fazer o alicerce e erguê- la da melhor forma, com materiais mais resistentes
Vou fazê- la bonita, com entradas para a luz do sol, com a leveza de um local arejado
E ali vou viver momentos importantes, momentos felizes.
Pois, você gostará tanto dela
Que vai preferir entrar
Pronunciando outras palavras
Palavras, que desta vez, edificarão.