A adolescência é pensar estar trancada em um quarto
É se assustar com as quatro paredes que te cercam
E não perceber que basta girar a maçaneta,
Pois, a porta não está trancada.
A adolescência foi para mim estar neste quarto
E com um giz na mão
Eu rabiscava versos nas paredes
Versos tão complexos, e tão limitados ao comprimento e largura daquele concreto.
E naquelas paredes eu ia relatando as frustrações, as alegrias, as indecisões, as descobertas acerca de mim.
Até que já não havia um espaço em branco sequer
Não cabia mais uma letra minha naquele quarto.
Mas, a vontade de escrever, os versos já formados dentro de mim
Precisavam sair, precisavam deslizar aos olhos do mundo, ser entregues aos olhos de outros
A necessidade foi tanta que quando dei por mim já havia aberto a porta.
E lá eu estava
Do outro lado, no corredor da vida
E a complexidade das palavras ficou para trás
Junto com a adolescência.
Os meus versos são formados hoje com palavras simples
Esclarecidas
Sem pompas, sem clichês
São as palavras ditas no meu dia- a- dia.
Já não deixo mais nas paredes os versos
Já não os rabisco mais com giz
Ora, em que são apenas frases ditas.
Frases que não se tornaram poesias
Mas, que foram vividas de forma tão bela
Que diminuiriam- se se presas em uma folha.
A complexidade da adolescência ficou naqueles versos
Guardados na gaveta
Versos de alguém que não se conhecia.
Hoje as palavras são simples
Palavras do dia-a- dia, palavras da minha vida
De quem conhece à si, sem pompas, sem clichês.
Nenhum comentário:
Postar um comentário