Sim, atire a primeira pedra
Quem nunca mentiu
Quem nunca fingiu.
Viver bem em sociedade
É saber também mentir,
Essas pequenas mentiras
Das quais usamos para justificar nossos nãos
Como se todo não precisasse realmente de explicação.
Viver bem em sociedade
É saber fingir o sorriso
Mesmo quando ainda não tivemos tempo
De se quer assimilar a imagem do rosto para quem sorrimos.
É dar três beijinhos
Sem encostar na face
Só por educação
E eu digo mais
Pouco me importa esses três beijinhos!
Beijo é demonstração de carinho, não de educação.
As pessoas não dizem não
Apenas dizem com todo falso carinho, com mentirinhas coloridas
Que vai ficar pra depois
Esse depois que já está determinado nunca existir.
Conversas vazias
Somos capazes de olhar nos olhos de quem nos fala
E ao mesmo tempo não ouvir uma sequer palavra.
Os abraços são distantes
Pois, não trazem em seus braços o carinho que os torna apertados.
Que atire a primeira pedra!
Eu não posso atirar.
Ainda bem que isso tudo é verniz
Simplesmente verniz
E que há momentos em nosso dia
Em que podemos dizer não sem culpa alguma
Em que podemos dizer sim com vontade, sem obrigação
E sorrir um sorriso sincero
Que bom que há momentos no dia em que nossos beijos tocam a face do outro
Ao ponto de precisar enxugar as bochechas
E quanto carinho, e quanta verdade neste beijo molhado!
Que bom os momentos do dia em que o abraço realmente aproxima
E que mesmo que nos falte palavras
O olhar nos olhos, de verdadeiro, fala por nós.
Tem momentos em que viver em sociedade é nos cobrir desse verniz
Para que não seja atirada a primeira pedra
Mas, é nos momentos em que nos lavamos
Em que agimos de forma simples, apenas sincera, sendo o que somos
Sendo o que queremos
Que as demonstrações de carinho surgem
Em que as conquistas do amor acontecem
É o momento em que não há pedras em nossas mãos, nos impedido
Sim, é o momento em que as mãos podem se unir.
Eu não quero atirar a primeira pedra
Quero ser a primeira à soltá- la no chão.
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